quarta-feira, 6 de julho de 2011

Chefes

Desde qdo comecei a trabalhar, aos 17 anos, passei pelos lugares mais bizarros possíveis em termos de respeito para com o funcionário. Não chegava a ser um atentado à dignidade humana, mas eram coisinhas, picuinhas, frescuras e afins que tiravam qualquer um do sério. Meu primeiro emprego em Curitiba foi na filial de uma empresa especializada em automação de escritórios cuja sede fica em Cuiabá. A tal empresa abriu essa filial pelo único motivo de ter ganho a licitação para prestar serviços para o Governo do Paraná nesse setor por 5 anos.
Como todos devem saber, existe uma velha rixa entre RJ e SP e só Deus sabe o motivo. Enfim, sou paulistano e o gerente, nos 6 meses em que trabalhei lá, era um lazarento de um carioca. Como os caras só tomaram vergonha na cara pra instalar o relógio de ponto pouco depois de minha saída, o controle era feito pelo relógio do xarope. Éramos em 5 técnicos e num determinado dia os outros 4 chegaram entre 7h50 e 7h55. Eu cheguei às 7h57. Como o expediente começava às 8h e, por lei, o trabalhador ainda tem 5min de tolerância, eu estaria dentro do horário legal até 8h05, ou seja, cheguei 8min antes do prazo final. O safado teve a cara-de-pau de me chamar no canto pra me encher o saco pq eu havia sido o último a chegar. FDP, né? Tudo bem, eu não deixei por menos.
Cada um dos técnicos saía com um dos carros da empresa e, qdo o carioca me enchia o saco com coisas “nada-a-ver”, como essa do horário, eu literalmente ignorava as lombadas que apareciam pelo caminho. Em Piraquara, cidadezinha da região metropolitana de Ctba, há muitas estradas de terra quase sem movimento e com várias lombadas meio altas. Não foram poucas as vezes em que meti a cabeça no teto por ter rampado nelas com o carro ou o enfiei nas poças de lama para deixá-lo imundo (uma das encheções era deixar o carro brilhando por causa da marca das copiadoras – em 2005, a patrocinadora de um dos clubes paranaenses de futebol). Em outras ocasiões eram necessárias viagens curtas. Eu pegava estrada em 4ª marcha.
Essa empresa tbm exigia o uso de trajes sociais em cores pré-determinadas, que nos foram “fornecidos”. No entanto, foi descontado em folha o equivalente a metade do valor das vestes. Por lei, se a empresa exige uso de uniforme deve fornecer ao funcionário sem nenhum custo para o mesmo. Entrei com um processo logo que me mandaram embora e ganhei o equivalente ao triplo do que haviam me descontado. E não fui o único a faze-lo.

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