segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ônibus 174

Na ocasião do “sequestro” ao ônibus 174, a televisão, como veículo de comunicação de massa, provou, mais uma vez, a que veio. Ela não estava lá exatamente para informar. Em parte até estava, mas o real propósito era disputar audiência naquela que foi chamada “a guerra da representação”. Vence quem mostrar a violência como ela é, da maneira mais nua e crua possível (de acordo com as possibilidades do horário de exibição), mas no geral todos nós perdemos. O episódio foi tratado como informativo, mas o que a TV exercia na verdade era seu papel de entretenimento de massa ao caricaturar o indivíduo Sandro como um monstro que deveria ser eliminado a qualquer custo (e aguardando ansiosamente pelo fato), ao mesmo tempo em que se eximia da responsabilidade pelo evento ter alcançado aquele ponto. Naquela ocasião estava em moda, digamos assim, mostrar a outra realidade do Rio de Janeiro, das favelas, da disparidade social associada à geografia urbana, do estereótipo “negro pobre é ladrão”, e o ato fantástico do menino Sandro ganhou destaque imediato nas telinhas do país inteiro, com repercussão ao resto do mundo.
Não digo “fantástico” pelo ato em si (afinal os próprios colegas do crime organizado o condenaram por ter agido pelo lado mais fraco ao barbarizar pessoas humildes como ele, passageiros de ônibus, e por ter atirado em uma das reféns quando notou a ação iminente da polícia), mas sim pelo desfecho trágico quando ele sequer tinha intenção de tomar ação dentro daquele ônibus, e por esse motivo a palavra sequestro está entre aspas no início deste texto.
Indiretamente a TV atribuiu a ele o papel de algoz sem se dar ao trabalho de pensar o que ou quais razões o levaram àquele ato desesperado e basicamente o julgou e sentenciou no desenrolar da “trama” sem qualquer chance de defesa, afinal era óbvio o que aconteceria a ele (como aconteceu) quando as câmeras se afastassem.
Ao assistir ao documentário “Ônibus 174”, parte de mim defende o Sandro hoje, como indivíduo, por ter tido uma ideia de quão difícil foi sua vida, mas se estivesse envolvido de alguma forma com o ocorrido ou se minha única fonte de informação fosse a deturpação televisiva (e espero imensamente que os outros veículos a afoguem o quanto antes), com certeza diria que o desfecho, ao chegar morto à delegacia, foi mais do que merecido.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Pale Ale

Que tal uma hoje?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Lixão

A vida andava numa boa até alguns meses atrás, qdo abriu um ferro velho na esquina da rua de casa, coisa de uns 50 metros pra baixo. Até aí, tudo bem. Afinal, todos têm direito a desenvolver alguma atividade econômica para seu sustento. Desde, é claro, que não atrapalhe o bom andamento da vizinhança como um todo.
Não estou bem certo se é só um ferro velho ou se é um desmanche de carros roubados, mas enfim, o tal vizinho, desleixado como ninguém, deixa lixo reciclável espalhado pelo pátio, como garrafas PET, latas de cerveja vazias, além de pneus velhos e outros objetos que acumulam água. O que ele consome ou não e o que faz dentro da propriedade dele pouco me importa. O problema é que aumentou consideravelmente a quantidade de mosquitos na minha residência e as tranquilas noites de sono com as janelas abertas e as cortinas esvoaçantes ao vento não existem mais. Bom, às vezes elas até ocorrem, mas só depois de fechar tudo e entupir o quarto com veneno. Aí até eu me “afogo” naquela névoa inebriante.
Com a chegada das chuvas e da primavera, o problema é agravado pela possibilidade de proliferação do mosquito da dengue.
Abri uma solicitação na Central 156 da Prefeitura de Curitiba no dia 23 de outubro e tenho ligado para me informar da situação pelo menos uma vez por semana, mas até agora não deu em nada. Ou será que o Prefeito está esperando a população começar a adoecer para tomar as devidas providências? Não sei se é pouco caso, falta de pessoal ou se é só má vontade mesmo.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pastel

Comecei minhas aventuras culinárias cedo, aos 12 anos. Estudava de manhã e tinha a tarde livre para brincar ou fazer o que quer que fosse e, às vezes, a rotina enchia o saco. Chegava à casa pouco depois do meio dia e ficava sozinho até por volta das 13:30h, que era qdo mãe chegava do trampo. Aproveitava esse meio tempo para fuçar na geladeira e nos armários para ver o que havia disponível e depois ia fuçar nos livros de receitas da mãe.
Minha prima, que morava do outro lado da rua, era minha companheira de aventuras, igual ao Toddynho. Muita calma nessa hora! Não estou fazendo propaganda do achocolatado. Estou apenas comparando o slogan da marca com o que minha prima e eu éramos naquela época. Tudo bem que hj a gente nem se fala, mas isso não vem ao caso agora. Era legal ter a companhia da prima pq ela fazia a parte chata das receitas, abrir ou mexer a massa e untar a forma. De qualquer forma ela tbm saía ganhando pq podia simplesmente ir embora depois de encher a pança e largar a zona para eu arrumar. Fazíamos principalmente tortas e pizzas, com as respectivas massas feitas na hora. Não tinha esse negócio de massa pronta, colocar recheio e socar no forno. Não, não. Comigo o negócio era pra valer. Minha mãe costumava dizer que qdo eu ia pra cozinha a zona era tanta que encontrava farinha até no teto. Exagero da parte dela. Eu nem fazia tanta bagunça assim.
Qdo resolvia “aprontar” à noite, as peripécias eram mais light.
Regra básica pra fritar pastel é o óleo estar bem quente e ele caber dentro da frigideira. Ou então preferencialmente num tacho. Houve uma ocasião em que meus pais saíram (não lembro onde eles foram - naquela época eles ainda eram casados) e eu fiquei sozinho em casa. De repente bateu aquela vontade louca de comer pastel. Abri a geladeira e lá estava ela, a massa fresquinha implorando para ser frita. O melhor de tudo é que tbm tinha recheio. Se fosse só massa e vento não daria muito certo. He he he... Inventei de fazer um pastel igual ao de feira, ou seja, bem grande. Só me dei conta de que o treco não cabia na frigideira qdo fui fritar. Coloquei-o lá dentro e as beiradas ficaram pra fora. Resumindo, tive que frita-lo por etapas e não ficou tão bom. Toma, sabichão!!! E o besta aqui, ao invés de segurar a escumadeira longe, não! Fiquei segurando-a com a outra ponta dentro do óleo, até que espirrou um pouco na minha mão. Ao invés de largar a escumadeira lá e puxar a mão em direção ao corpo, eu simplesmente a continuei segurando e ergui a mão em direção ao rosto. O resultado foi que ganhei uma pequena cicatriz no meio da testa por causa do óleo fumegante. Tonto!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

À Deriva

A primavera, outrora colorida e ensolarada, o cinza assedia.
Papai-do-céu lá em cima e o tom dourado e ligeiramente turvo das Ales aqui embaixo são o combustível que me move para seguir em frente, certo de que dias melhores virão.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Papo Nerd 4

Sabe qdo bate aquela dúvida, acompanhada de embrulho estomacal (quase em ponto de chamar o “Hugo”), e a única coisa que vc (ou ela, no caso) pensa é em entrar na primeira farmácia que encontra pra comprar um daqueles testes de gravidez?
Pois é, qdo o treco dá positivo não tem choro e nem vela. O passo seguinte é ir ao médico fazer exame de sangue apenas para confirmar o óbvio: bebê à vista.
Passado o pânico inicial e a questão filosófica do “não estou preparado(a) para ser pai/mãe”, o bastãozinho mudou de cor por um único motivo: ele reagiu a um hormônio presente no sangue da mulher (expelido junto com a urina) somente quando ela se encontra em estado de gestação, a Gonadotrofina Coriônica (ou Beta-hCG).
Até pensei em colocar o gráfico da situação hormonal da mulher durante o período de ovulação e gestação, mas aí seria muito empenho para conseguir a informação. Primeiro pq eu joguei fora os cadernos da época nerd em que estava prestando vestiba para Medicina e teria que pesquisar na net [Preguiça]. E segundo pq seria informação irrelevante para mim nesta etapa da vida. E se vc não souber a resposta àquela questão levantada no início do post, tudo bem. Eu tbm não sei.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Valhalla

Por Carlos Ruas em "Um Sábado Qualquer"

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Stop Motion

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Remember, remember

"Remember, remember, the 5th of November
The gunpowder, treason and plot;
I know of no reason, why the gunpowder treason
Should ever be forgot."

"Lembrai, lembrai, o cinco de novembro
A pólvora, a traição e o ardil;
Não sei de uma razão para a
traição da pólvora
Ser algum dia esquecida "

Guy Fawkes queria explodir o Parlamento inglês num 5 de novembro. Mais precisamente no 5 de novembro de 1605, único dia daquele ano em que o rei estaria presente. Infelizmente o plano todo deu errado graças a um cagueta (eles estão em toda parte e pode estar aí ao seu lado enquanto lê isso aqui).
De qualquer forma, me faz pensar no sonho utópico de ver Brasília inteira voando pelos ares. Não a Brasília cidade, com seus moradores e trabalhadores honestos, mas Brasília como símbolo da roubalheira e da vergonha que eu sinto ao olhar para aqueles sorrisos falsos, cínicos e sarcásticos dos políticos corruptos, que só pensam no próprio bolso e que acenam com uma mão enquanto roubam com a outra por debaixo dos panos.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Quadrado?

Um dia desses, ao ir para o trampo de busão (pra variar igual sardinha enlatada), olhei para o lado e notei que uma guria escrevia uma mensagem, provavelmente para seu “peguete” uma vez que não usava aliança. A mensagem dizia assim: “Boom dia gato, como vai a força? Trouxe uma lembrancinha pra vc da ilha” [sic]. A ilha a que ela se refere muito provavelmente é a Ilha do Mel. Mas enfim, o motivo deste post não é a tal lembrancinha e muito menos de onde veio, mas sim a forma como ela se expressou.
A que “força” ela se refere? Por acaso o cara é Jedi? Será que ela espera uma resposta do tipo “A Força está comigo e agora fui para o lado Negro”?
Pow, se uma guria me desse bom dia desse jeito e perguntasse da força eu não pensaria nem meia vez em responder “A Força está comigo, jovem Padawan. E vc ainda não é uma Jedi”. Não é muito mais fácil, gostoso e plausível mandar uma mensagem matinal dizendo “Bom dia, como vc está? Trouxe um mimo pra vc da ilha. Fique bem. Um beijo.” Pronto. Simples assim.
Ou será que eu sou muito quadrado?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Ancestrais

A morte, para mim, sempre foi um assunto muito distante e que só acontece com os outros. Tanto é que os parentes mais próximos que já perdi, depois do meu cachorro, foram meus bisavôs e bisavós. Não senti tanto a partida deles pq desencarnaram qdo eu era ainda muito novo e havíamos convivido pouco tempo juntos. Minha irmã, pais, avôs e avós continuam firmes e fortes, graças a Deus.
Não tive o privilégio de conhecer o vô Agenor e a vó Olinda, pais de minha avó paterna. Tudo o que sei deles, além de ter visto algumas fotos, é que o vô Agenor faleceu em 1933 qdo minha avó tinha apenas 2 anos de idade. Já a vó Olinda viveu muito mais, criou os filhos costurando para fora e faleceu no começo dos anos 70. Gostaria de ter conhecido a tia Dijanira, irmã da vó. Dizem que ela era bem à frente de seu tempo.
Também não tive o privilégio de conhecer o vô Joaquim e a vó Maria, pais de meu avô paterno. O vô não fala muito da mãe, mas em compensação vive falando do pai. Em poucas palavras, o vô Joaquim era foda. Administrava pessoalmente o sítio, na região de Maceió, montava a cavalo e fazia as contas sozinho, até falecer aos 104 anos. Oficialmente ele tinha apenas 90 e poucos, pois foi registrado já menino. A família toda estava se reunindo para ir visita-lo em seu aniversário de 105, no início do ano seguinte, mas Papai-do-céu o chamou de volta em dezembro daquele ano.
Em compensação, pude conhecer tanto os pais da minha avó materna quanto os pais do meu avô materno. Eu devia ter uns 6 ou 7 anos qdo eles faleceram. Não sei bem qdo foi, mas parece que os quatro combinaram de ir “embora” ao mesmo tempo.
Começando pelos pais da avó materna, o vô Mariano e a vó Isolina eram mais “na deles”. Apesar de serem bastante sossegados, “aprontaram” bastante na juventude. O pai da vó Isolina, vulgo Dindinha, era comerciante dono de uma loja de tecidos lá nos cafundós da Bahia e o vô Mariano era funcionário da loja. Os dois se apaixonaram e fugiram para se casarem, já que o pai da vó era contra o casamento. Eita velhinho esperto.
Sobre os pais do avô materno, o vô Pedrinho e a vó Emília eram umas figuras. Lembro que ela tinha um pouco de bigode, falava palavrões e fazia um feijão excepcional. Já o vô só ficava na cadeira dele, dando risada e falando besteira, daquele tipo saudável que se pode falar para as crianças. É deles que vem minha teimosia italiana.
Essas são apenas algumas memórias daqueles diretamente responsáveis por eu existir hoje e, por isso, neste dia de finados, fica esta singela homenagem aos meus ancestrais. Que estejam bem onde estiverem.