terça-feira, 21 de julho de 2009

Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Por Manuel Bandeira

Só pra te dizer


Perdi minha moto e minha guria, mas o Desejo continua latente.
Acho que cheguei ao fundo do poço, a ponto de me expressar usando esta música do RC. Fazer o que, se ela diz tudo o que eu quero dizer?
Gostaria de dizer-lhe isso olhando nos teus olhos, mas creio que seja um tanto quanto impossível, dadas as circunstâncias.
Não sou/estou chato e/ou impaciente, muito pelo contrário. Foi ótimo ouvir sua voz depois de tanto tempo, porém ao mesmo tempo ressurgiram sensações e sentimentos que me entristeceram naquele momento.
Não estou cobrando e nem pedindo nada, apenas saiba que

Eu tenho tanto
Prá lhe falar
Mas com palavras
Não sei dizer
Como é grande
O meu amor
Por você...

E não há nada
Prá comparar
Para poder
Lhe explicar
Como é grande
O meu amor
Por você...

Nem mesmo o céu
Nem as estrelas
Nem mesmo o mar
E o infinito
Não é maior
Que o meu amor
Nem mais bonito...

Me desespero
A procurar
Alguma forma
De lhe falar
Como é grande
O meu amor
Por você...

Nunca se esqueça
Nem um segundo
Que eu tenho o amor
Maior do mundo
Como é grande
O meu amor
Por você...(2x)

Mas como é grande
O meu amor
Por você!...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sonegação


O Governo Federal deveria rever seus conceitos ao definir sonegação fiscal como crime, que deveria ser classificado simplesmente como “fundo de compensação”.
Nós, cidadãos comuns, que pagamos nossos impostos em dia, somos agraciados diariamente com o caos nos serviços públicos de saúde, educação, segurança, transporte, habitação e afins e temos que pagar novamente à iniciativa privada (escola, plano de saúde, etc) para usufruirmos de qualidade nos serviços prestados por algo que já nos foi usurpado pelo poder público.
Ao sonegarmos impostos, seja ele de qualquer ordem, incluindo importar mercadorias para revenda com valor subfaturado nas notas fiscais, por exemplo, estamos apenas economizando, o que é justo, visto que se os pagássemos todos, eles fatalmente seriam desviados para contas em paraísos fiscais em “nome” dos nossos “queridos” políticos (cujas mães rodam bolsinha e fazem ponto nas esquinas da Rua Augusta) ao invés de serem aplicados na área social.
Enquanto isso, em Brasília, de um lado o bigodudo diz “Daqui não saio, daqui ninguém me tira” e do outro o ruminante-chefe “Eu não sabia de nada!”.

Divagações 4

Algo que me chama muita atenção é a fotografia. Adoro.
O ato de fotografar também, mas não gosto de ser fotografado.
Bom, depende da situação. Ao ser pego desprevenido, as fotos costumam ficar boas, ao passo que ficam um lixo quando faço pose. Normal.
Coleciono fotos dos mais variados temas, desde paisagens até aviões, sem esquecer dos entes queridos, amigos, lembranças de fatos recentes, distantes e afins.
Ao adentrarem meu quarto, carinhosamente apelidado “cafofo paraíso”, encontrarão um ambiente sóbrio, sem fotos à mostra.
Talvez alguém questione: “Ué, e a tal coleção?”.
São vistas ocasionalmente e ficam armazenadas no pc por uma única razão: Saudade é uma merda!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Alienação

Para escrever uma boa matéria primeiramente o jornalista precisa reunir todos os dados disponíveis acerca da situação, mas a maior dificuldade é transmitir aqueles dados de forma conexa, principalmente se for a síntese de uma entrevista. Ao reescrever algo que foi dito é necessário tomar muito cuidado para não subverter as palavras do entrevistado aos interesses do veículo de comunicação ou do próprio jornalista, que deveria ser imparcial (o que na prática sabemos ser impossível). Partindo-se do princípio de que o jornalista transmitiu o que foi dito de forma fiel, este post tem como base esta entrevista.
Em trechos da entrevista, o ex-fuzileiro diz que se dedicavam em desmontar bases fortificadas para eliminar qualquer resquício de presença americana em solo Iraquiano e tendo, inclusive, tido o trabalho de apagar até pegadas. De uma forma geral, o entrevistado mostra-se um alienado que parece ter sofrido uma lavagem cerebral do tipo: “Olha, os americanos são os mocinhos e só se metem nos assuntos alheios pq eles são os libertadores e protetores dos fracos e oprimidos”.
Será que ele se deu conta das bobagens que mencionou? Será que teve tempo, boa vontade e iniciativa de assistir ao documentário “Nenhum final à vista”? (Título original “No end in sight”, direção de Charles Ferguson, 2007 - Sinopse: Através de entrevistas com antigos integrantes do plano pós-guerra do governo Bush no Iraque, o documentário traça os principais erros que levaram ao caos atual naquele país e discute as trágicas conseqüências destas decisões absurdamente equivocadas). Claro que não. Igual a todos os “mauricinhos”, não é problema dele. Afinal, “no cu dos outros é refresco e não faz mal”.
Voltando ao documentário, o filme mostra o descaso total dos americanos para com a infra-estrutura do país, por exemplo, por não terem tido o cuidado com a segurança de locais patrimônio cultural da humanidade e tesouro nacional Iraquiano (a Biblioteca Nacional, com pergaminhos da época de Dario I – séc V a.C. – e o Museu Nacional, com esculturas datadas do mesmo período, além de toda a história daquela região, foram simplesmente saqueados); as forças armadas iraquianas foram dispensadas no momento mais inoportuno possível (altas taxas de desemprego) e os remanescentes não tinham como alimentar suas famílias, sendo obrigados a engrossarem as fileiras dos grupos tidos como terroristas para conseguirem algum dinheiro (imaginem centenas de homens que desenvolviam uma atividade de risco de repente se verem desempregados, enraivecidos por não terem trabalho, sem condições de darem vidas dignas às suas famílias – é óbvio que daria merda - e com um arsenal à disposição); crianças morrendo de fome, entre tantos outros casos. Enquanto isso, nosso “amigo” Bush estava preocupado apenas em jogar golf na Casa Branca e Donald Rumsfeld, ex-secretário de defesa, simplesmente ligou o “foda-se” sem ter a menor noção do que fazer a respeito. Vou parando por aqui pq senão ficaria discorrendo sobre as cagadas americanas naquele país até amanhã ou até meus dedos começarem a sangrar de tanto escrever (claro que estou exagerando, mas é apenas para deixar evidente a quantidade de cagadas feitas por lá). Documentário totalmente indicado a quem se interessa pela verdade e não acredita nessa baboseira de que a guerra foi apenas pela democracia e não tendo nada a ver com o petróleo.
As pegadas e os vestígios das bases que construíram por lá eles podem até apagar, mas com certeza não conseguirão apagar as marcas negativas que deixaram nas vidas daquelas pessoas.

Rock N Roll


“Let there be sound, and there was sound
Let there be light, and there was light
Let there be drums, there was drums
Let there be guitar, there was guitar, ah
Let there be rock”

Puta que o pariu! Como pude ser tão desleixado?
Ontem foi o dia Mundial do Rock e não tive o bom senso de escrever algo.
Não há o que ser escrito. Rock não se lê, apenas se sente.
Faço minhas as palavras de Sam Dunn ao dizer que se o Metal não te arrepia os cabelos da nuca, jamais o entenderá.
Enquanto escrevia estas poucas linhas rolava ao fundo uma “sonzera do caralho” e estava todo arrepiado, o que me levou a incluir partes marcantes de duas músicas.
É incrível como algo pode mexer tanto conosco.
Agora é só deixar o Rock rolar...

“'Cause I'm T.N.T., I'm dynamite
T.N.T. - and I'll win the fight
T.N.T. - I'm a power load
T.N.T. - watch me explode”

"Pick up your balls and loadup your cannons for a 21 gun salute!
For those about to rock (Fire!): We salute you!"

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Frustração

Mais um plágio, pra variar. De qualquer forma, é incrível como certas coisas se moldam perfeitamente aos nossos pensamentos em determinados momentos. Agradecimentos ao colega Wilton por ter enviado tão fantástico poema em hora mais do que oportuna. Por Dorothy Parker.

FRUSTRATION

If I had a shiny gun,
I could have a world of fun
Speeding bullets through the brains
Of the folk who give me pains;

Or had I some poison gas,
I could make the moments pass
Bumping off a number of
People whom I do not love.

But I have no lethal weapon —
Thus does Fate our pleasure step on!
So they still are quick and well
Who should be, by rights, in hell.

FRUSTRAÇÃO

Se eu tivesse uma arma neste momento,
Teria um mundo de divertimento
Espalhando balas nos cérebros, sem pudor
Dos caras que me causaram dor.

Ou tivesse eu algum gás venenoso,
Teria um passa-tempo gostoso
Acabando com um número indigesto
De pessoas que detesto.

Mas não tenho nenhuma arma mortal —
Assim, a Fatalidade não me dá prazer tal!
Então eles ainda estão lépidos e fagueiros
Aqueles que mereceriam o inferno por inteiro.

Divagações 3

Diz o ditado “Aqui se faz, aqui se paga”.
Na maioria das vezes a verdade é outra.
“Aqui se faz, aqui se fode”.

domingo, 12 de julho de 2009

Abduction


Sábado de chuva, o telefone toca bem cedo. Era minha mãe, dizendo que eu precisava fazer novamente exames de sangue rotineiros. Combinamos de nos encontrarmos naquele mesmo dia à tarde para a coleta. Desliguei o telefone espumando de raiva por ter que passar as próximas 12 horas em jejum e pensei: “Que porra! De novo?”. Eu havia acordado, primeiro por causa da campainha irritante e insistente do telefone, e segundo por encontrar-me num nível de semi-consciência por estar “varado de fome”.
À hora combinada encontrei mãe num local estranho. Não era uma clínica e muito menos um hospital, mas aparentava ser, pois todos andavam com roupas e jalecos extremamente brancos que chegavam a doer nos olhos. Acredito que era um local de pesquisa, mas do que? Entrei numa sala com várias pessoas sentadas em mesas, similar a controladores da Bolsa de Valores e cada um possuía quatro ou cinco notebooks em suas respectivas mesas. Os “Notes” eram diferentes do que estamos acostumados. Eram pequenos, aproximadamente do tamanho de um palmo de mão grande e estavam empilhados uns sobre os outros numa espécie de hack. O fato de terem tantos computadores para cada pessoa me chamou a atenção. Talvez tratava-se de algum centro de pesquisa avançada, mas continuava a questão: pesquisa do que?
Um homem de meia idade, aproximadamente 55 anos, 1,55m de altura, olhos claros, tom de voz suave e vestido da mesma maneira irritante e “arrumadinha” das outras apresentou-se como sendo médico, mas não revelou seu nome. Minha mãe, ou melhor, a pessoa que eu julgava ser minha mãe, contou que não era minha mãe verdadeira, apenas tendo me criado e que uma outra mulher, também presente naquele local estranho, que é minha mãe biológica. Fizemos a coleta do sangue e voltei para casa.
Não pude dormir à noite por conta de pesadelos terríveis que envolviam alienígenas e experiências biológicas com humanos, onde eram amarrados numa espécie de maca e faziam as mais absurdas medições e coletas de amostras de tecidos e fluidos corporais.
Acordei completamente nu em minha cama, sozinho, e sem a menor lembrança de em qual circunstância minhas roupas foram retiradas. Tomei banho antes do café da manhã e notei hematomas em meu tórax e abdômen que não estavam lá na noite anterior, além de uma pequena saliência nas costas da mão esquerda. Neste momento dei-me conta de que tudo havia sido real, e não apenas um sonho.
Fui novamente convocado para coleta de sangue naquele mesmo “laboratório”, onde o mesmo médico “sem nome” estava presente. Inconformado por ter sido uma cobaia qualquer e traído pela pessoa que jamais imaginei que faria isso comigo, minha mãe de criação, disse ao “médico” que sabia das experiências com humanos e da possível cooperação com os alienígenas e que tinha uma mensagem para eles. Questionado sobre o conteúdo da mesma, apenas mostrei minha mão com o dedo médio levantado e me retirei.
Deitado em minha cama, naquela noite, ouvi passos se aproximando. Só podia ser uma única pessoa. Pensei comigo mesmo que sabia que enviariam assassinos para garantirem que eu não contaria o que sabia. Só não imaginei que seria o mais frio e eficaz de todos.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Utopia


Num primeiro momento podem pensar que estou falando de religião. De certa forma até estou, mas não da maneira usual. Não estou pregando em favor de nenhuma específica, mas sim em nome de todas.
Se pararmos alguns minutos para refletirmos, veremos que muitas guerras foram e ainda são movidas em nome da religião. As Cruzadas por Cristo, a Jihad por Alá e assim por diante. Não apenas guerras, mas atos de violência de forma geral.
Citando apenas um exemplo de cada uma das três maiores (em número de adeptos): num país do Oriente Médio, por exemplo, é crime sair às ruas demonstrando que não é muçulmano e pode-se ser preso pelo simples fato de usar um crucifixo pendurado no pescoço e acabar apanhando na prisão, dependendo do humor do guarda (Bom, pode-se sair com o crucifixo, mas que fique oculto sob as roupas e não seja exposto em circunstância nenhuma); pessoas foram queimadas vivas durante a Idade Média por não abraçarem Cristo como salvador; ou no caso dos israelenses (judeus), que vivem em pé-de-guerra com seus vizinhos. Um bate daqui, o outro revida, que é revidado, e assim vira uma bola de neve sem fim.
Buda disse: “Se vc não tem o poder de criar a vida, então não tem o direito de destruí-la”. Eu não sou budista, mas e daí? Ele tem razão.
Qual a dificuldade de nos sentarmos todos à mesma mesa, pedirmos um chopp com fritas e confraternizarmos? Que diferença faz se eu chamo o meu deus simplesmente por Deus, Cristo, Alá ou Messias? No final das contas nos referimos, por nomes diferentes, à mesma divindade.
Chega! Eu quero é paz! Coexistam!