Para escrever uma boa matéria primeiramente o jornalista precisa reunir todos os dados disponíveis acerca da situação, mas a maior dificuldade é transmitir aqueles dados de forma conexa, principalmente se for a síntese de uma entrevista. Ao reescrever algo que foi dito é necessário tomar muito cuidado para não subverter as palavras do entrevistado aos interesses do veículo de comunicação ou do próprio jornalista, que deveria ser imparcial (o que na prática sabemos ser impossível). Partindo-se do princípio de que o jornalista transmitiu o que foi dito de forma fiel, este post tem como base esta entrevista.
Em trechos da entrevista, o ex-fuzileiro diz que se dedicavam em desmontar bases fortificadas para eliminar qualquer resquício de presença americana em solo Iraquiano e tendo, inclusive, tido o trabalho de apagar até pegadas. De uma forma geral, o entrevistado mostra-se um alienado que parece ter sofrido uma lavagem cerebral do tipo: “Olha, os americanos são os mocinhos e só se metem nos assuntos alheios pq eles são os libertadores e protetores dos fracos e oprimidos”.
Será que ele se deu conta das bobagens que mencionou? Será que teve tempo, boa vontade e iniciativa de assistir ao documentário “Nenhum final à vista”? (Título original “No end in sight”, direção de Charles Ferguson, 2007 - Sinopse: Através de entrevistas com antigos integrantes do plano pós-guerra do governo Bush no Iraque, o documentário traça os principais erros que levaram ao caos atual naquele país e discute as trágicas conseqüências destas decisões absurdamente equivocadas). Claro que não. Igual a todos os “mauricinhos”, não é problema dele. Afinal, “no cu dos outros é refresco e não faz mal”.
Voltando ao documentário, o filme mostra o descaso total dos americanos para com a infra-estrutura do país, por exemplo, por não terem tido o cuidado com a segurança de locais patrimônio cultural da humanidade e tesouro nacional Iraquiano (a Biblioteca Nacional, com pergaminhos da época de Dario I – séc V a.C. – e o Museu Nacional, com esculturas datadas do mesmo período, além de toda a história daquela região, foram simplesmente saqueados); as forças armadas iraquianas foram dispensadas no momento mais inoportuno possível (altas taxas de desemprego) e os remanescentes não tinham como alimentar suas famílias, sendo obrigados a engrossarem as fileiras dos grupos tidos como terroristas para conseguirem algum dinheiro (imaginem centenas de homens que desenvolviam uma atividade de risco de repente se verem desempregados, enraivecidos por não terem trabalho, sem condições de darem vidas dignas às suas famílias – é óbvio que daria merda - e com um arsenal à disposição); crianças morrendo de fome, entre tantos outros casos. Enquanto isso, nosso “amigo” Bush estava preocupado apenas em jogar golf na Casa Branca e Donald Rumsfeld, ex-secretário de defesa, simplesmente ligou o “foda-se” sem ter a menor noção do que fazer a respeito. Vou parando por aqui pq senão ficaria discorrendo sobre as cagadas americanas naquele país até amanhã ou até meus dedos começarem a sangrar de tanto escrever (claro que estou exagerando, mas é apenas para deixar evidente a quantidade de cagadas feitas por lá). Documentário totalmente indicado a quem se interessa pela verdade e não acredita nessa baboseira de que a guerra foi apenas pela democracia e não tendo nada a ver com o petróleo.
As pegadas e os vestígios das bases que construíram por lá eles podem até apagar, mas com certeza não conseguirão apagar as marcas negativas que deixaram nas vidas daquelas pessoas.
Há 10 anos
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