quinta-feira, 26 de maio de 2011

Caminhos de São Paulo 4

Continuando o passeio em direção ao bairro da Luz, passaremos em frente a uma das entradas do Parque da Luz, hoje fechada, e pela Pinacoteca. O parque foi o primeiro Jardim Botânico de São Paulo e era reservado à nata da sociedade paulistana no começo do século XX (semelhante ao que o Passeio Público representa para a cidade de Curitiba), mas foi se degradando ao longo dos anos graças à prostituição, ao tráfico de drogas e aos desocupados que ali se amontoavam. [Parte de trás da Pinacoteca, vista do Pq. da Luz – Ah, se esse granito falasse]


Tanto o Parque quanto a Pinacoteca foram reformados há alguns anos e os acessos foram totalmente reformulados. [Interior da Pinacoteca]

A entrada principal da Pinacoteca era pela Avenida Tiradentes. Tanto a entrada do parque quanto da Pinacoteca agora estão na Praça da Luz e são vigiados por seguranças terceirizados. Com a reforma, o parque foi revitalizado, teve o público restringido e agora pode-se dizer que dá para passear por lá sem se preocupar tanto. Claro que o acesso ao parque é livre, mas pelo menos há uma certa coação dos desocupados de plantão e prostitutas da região por ser vigiado. Mesmo assim é bom continuar atento. [Assinatura de Auguste Rodin em uma de suas obras, acervo permanente da Pinacoteca]

Atravessando a rua poderemos visitar a Estação da Luz, principal porta de entrada da cidade de São Paulo aos imigrantes que chegaram ao Brasil a partir do final do século XIX para trabalhar nas lavouras de café no interior paulista e norte do Paraná. Inclusive era por ela que a produção cafeeira era escoada para o Porto de Santos. [Estação da Luz]


Originalmente a Estação foi construída em 1867 e sofreu algumas reformas a partir de 1900, configurando seu modelo atual. Boatos dizem que toda ela fora importada, mas a verdade é que apenas as peças metálicas, responsáveis pela estrutura, foram trazidas de forma pré-moldada da Inglaterra para serem montadas no local e todo o madeiramento é de origem brasileira. Atualmente a Estação acomoda linhas de trens metropolitanos e uma parada da linha 1 azul, ou norte-sul, do Metrô e há um anexo em fase de construção, também do Metrô, para implementação da linha 4 amarela. Uma parte da antiga Estação foi totalmente reformada para abrigar o Museu da Língua Portuguesa, que já recebeu mais de 1,6 milhões de visitantes desde sua inauguração em 21 de março de 2006 e o consolidou como um dos museus mais visitados do Brasil e da América do Sul. [Trem da Linha Amarela do Metrô]

Atrás da Estação da Luz há a antiga Estação Júlio Prestes, onde, além de parada de trens, também funcionou o prédio do DEOPS/SP, um dos locais para onde eram levados os presos políticos tanto na ditadura de Vargas quanto na Ditadura Militar que assolou o país de 1964 até 1985. Hoje no local funciona o Memorial da Resistência como um tributo a todos os que faleceram naquele período obscuro de nossa história recente. É possível conhecer antigas celas, uma verdadeira homenagem aos prisioneiros, incluindo uma caracterização baseada nos relatos dos sobreviventes e em moldes semelhantes a como era na época.

[Ferrolho de uma das celas reconstituídas – porta real]

Seguindo pela Rua Mauá, do outro lado da Avenida Tiradentes (sentido bairro), logo na primeira quadra, há uma pequena vila, de casas idênticas e ar europeu. Era nessa vila que moravam os operários que trabalharam na construção da Estação e ficou conhecida como Vila dos Ingleses. [Vila dos Ingleses]

Serviço:
* Museu da Língua Portuguesa – Praça da Luz, s/nº (0xx11-3326-0775 ou www.museudalinguaportuguesa.org.br)
* Pinacoteca do Estado de SP – Praça da Luz, 2 – (0xx11-3324-1000) ou www.pinacoteca.org.br)

[Por enquanto é só, mas eventualmente continuará qdo eu descobrir mais curiosidades sobre esta cidade caótica]

Um comentário:

  1. Eu sou doida, doida pra passear por Sampa. Rita Lee devia gostar de mim, sou uma cearense, mas com um toque paulistano de ser. :)

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