quarta-feira, 4 de maio de 2011

Religião X Razão

Vivo numa boa com as outras religiões, desde que sejam moderadas. Fanatismo, pra mim, tem passagem livre. Não sou seguidor de nenhuma, mas se tivesse que escolher a que melhor se adapta às minhas convicções seria o espiritismo Kardecista. Meus pais seguiram essa linha de raciocínio desde que eu me entendo por gente e, pouco tempo depois do divórcio, minha mãe virou evangélica.
Um dia, do nada, ela chegou pra mim e disse que tudo o que havia me ensinado antes estava errado, que aquilo tudo era coisa do demônio e que o certo era a igreja onde ela estava freqüentando. Tudo isso por influência de uma lazarenta bitolada que trabalhava com ela. Essa “transformação” foi há 15 anos.
Até hoje estou com a xarope entalada na garganta por ter tirado minha mãe da luz da razão e a afundado nesse mundinho de visão estreita. Pelo menos uma importante batalha eu venci: a impedi de ir parar na Universal, tbm por influência daquela uma.
Minha mãe e tia vão para Egito, Israel e Jerusalém no final do mês com um grupinho da igreja. A viagem está marcada já há pelo menos seis meses e, desde que começou aquele rolo todo por democracia no Oriente Médio estou meio que com o cu na mão. Agora que o Bin Laden está, em tese, morto, estou bem mais preocupado.
Fui e sou contra essa viagem por diversos motivos que não vem ao caso agora e o principal deles é justamente a instabilidade política da região. Os ânimos andam um pouco exacerbados aqui em casa ultimamente por causa disso, que foi qdo mãe soltou a máxima da semana: “Se Deus quiser eu farei essa viagem. Se Ele não quiser eu não vou”.
Desde que virou evangélica mãe esqueceu do livre arbítrio dado por Deus para tomarmos nossas próprias decisões (certas ou erradas) e basicamente acha que tudo o que acontece é vontade Dele, como se Deus não tivesse mais nada para fazer a não ser brincar de marionetes conosco (uma boa analogia é a capa do “The Number of the Beast” do Iron Maiden).
Pausa. Há uns 2 ou 3 anos mãe trabalhava num hospital de renome (ela é enfermeira) qdo resolveu (Deus impôs a vontade dele manipulando a dela) mudar de local de trabalho dentro daquele hospital. Logo de cara já não bicou com a médica da unidade e ficou aquele puta clima chato. Detalhe que era super querida e se dava muito bem com o pessoal do local de onde saiu. Aos olhos dela era tudo vontade de Deus e que as coisas iriam melhorar. Num belo dia resolveu ir a um desses shows promovidos pela igreja. Ela pulou tanto que escorregou e caiu. A queda foi tão cinematográfica que trincou o osso do dedão do pé. Não contente, continuou pulando a caiu mais duas vezes. Resultado: seis meses de licença, o dedão trincado e o cotovelo fraturado. Voltou ao trabalho e, 30 dias depois, foi demitida por influência da tal médica.
Continuando... Uma parte do Oriente Médio passou e ainda passa por mudanças políticas, a situação é tensa e agora, a menos de um mês da viagem, o tiozão é encontrado e morto (É o que dizem).
Apesar de nosso livre arbítrio, às vezes Deus não quer mesmo e dá todos os sinais possíveis para nos fazer mudar de idéia (como um simples tombo), mas a alienação é tão grande que os olhos e ouvidos não percebem o óbvio.

6 comentários:

  1. Putz, bate aqui que temos o mesmo problema com mães. A diferença é que a minha não teve influência alguma pra ficar assim. Saber qual a religião da minha mãe? Kardecista.

    Isso pra você ver que dá pra ter essa atitude com tudo.

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  2. PQP! Fiquei abismado!
    Esse é o 1º caso que fiquei sabendo de bitolação Kardecista. Como é possível?

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  3. Rods, Israel e Egito são países (exageradamente) turísticos. Relax!

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  4. Por serem exageradamente turísticos acaba sendo beemmm mais fácil encher de chumbo gente do mundo inteiro numa tacada só. Tenso.

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  5. Hahahahaha. Texto impagável, cara! Muito engraçado! Mesmo acreditando em sinais de Deus, aos evangélicos falta a sutileza de perceber que Ele tem muito senso de humor (olha aí o ornitorrinco) para expressar a sua vontade por meio de um dedo do pé quebrado.

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  6. Quase tive um treco qdo vi a viagem q sua mãe vai fazer. A minha fez ano passado. E quer voltar.
    Bitolação católica apostólica romana.
    @fariaeliane

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