segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Manifesto

Cresci achando que o Natal se resumia às ceias esquisitas, com coisas que não estamos acostumados a comer no decorrer do ano, como pernil, peru, panetone, essas coisas, e em ganhar presentes. Aliás, o principal da festa eram os presentes. Sempre foi.
Olhava com orgulho, no dia seguinte, a “interminável” lista de coisas novas no meu quarto, todos brinquedos. E ai de quem inventasse de me dar roupas.
O tempo passou, eu fui crescendo e envelhecendo. As ceias continuavam iguais, peru, pernil, panetone, cuscuz, etc e sempre na casa dos avós maternos.
Cear lá pelas 23:30h, esperar chegar a meia noite, dizer “Feliz Natal” pra todo mundo e papear até bem tarde da madruga. Era gostoso, mas não faz muito a minha cabeça. Não estou reclamando, mas aquele modelo de comemoração natalina já estava me deixando um pouco angustiado pq era sempre a mesma coisa.
E os parentes? Ah, a infinidade de parentes. Eles são gente boa, claro, mas a gritaria, a falação e a correria tbm não são para mim. Eu gosto de sossego.
O que fode com qualquer festa é o estresse da preparação.
Meu avô materno tinha um comércio até pouco tempo atrás e vcs sabem que o comércio gira mesmo é na época do Natal. Como disse antes, correria e estresse nessas horas não são para mim, tanto é que depois que cresci mal conseguia comer em paz na hora do almoço, tamanha era a encheção de saco: “Volta pra loja! Seu avô está te esperando!” Caralho, eu sei! Mas será que posso sentar meu cu na cadeira e descansar um pouco, pelo menos enquanto almoço? Claro que não! Chegava em casa pra comer e a mesa não estava posta pq estavam preocupados em preparar a ceia. Almoço feito? Esqueça! Abra a geladeira e arrume algo pra comer!
E foi assim todos os anos até que finalmente tive um pouco de paz no Natal, por uma única vez. Nesse Natal fomos eu, meu pai e meu tio para a casa dos meus outros avós, no interior de São Paulo.
Não compreendia a rotina desses avós, jantar cedo e dormir antes da meia noite, por estar acostumado com a “zona” que era na casa da outra avó, até que fui para lá. Não lembro exatamente o ano, mas não faz tanto tempo. Acho que em 2004 ou 2005, por aí.
Minha avó estava toda preocupada com a ceia pq não sabia fazer as coisas que “estávamos acostumados a comer”. Lembro, como se fosse ontem, da cara de desespero dela por causa disso e eu dizendo pacientemente que não importava e que um prato de arroz, feijão, bife, ovo e salada estaria mais do que ótimo.
E não deu outra! Foi o que jantamos naquele dia. Pessoas, vou lhes dizer que estava bom “pra caralho!” (E o “pra caralho” aqui é pra dar a devida ênfase ao que vem antes). Não podia pedir mais nada! Um jantar simples em família, sem o estresse e correria decorrentes da data. E os presentes? Que se fodam os presentes!!!
De longe eu digo que foi o melhor Natal que tive na vida.
Naquele dia eu soube que a essência do Natal é passar a data com a família, com as pessoas que a gente ama e que igualmente nos amam (e somente com eles) e que não tem nada a ver com esse modelo capitalista que diariamente nos impõem goela abaixo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário