O jornal local de Curitiba publicou em suas páginas nesta semana uma entrevista com o baixista (vamos chamá-lo de “Barrigudinho” apenas para dar nome aos bois) de uma banda nacional de Rock. Tudo bem que o termo “banda de Rock” é muito genérico, mas foi a melhor forma de definir o estilo do som, já que depois de tantos trabalhos medianos e de tantas frescuras referentes aos músicos, fica difícil saber o apito que eles tocam.
Eu já fui vidrado no som deles, mas também não é para menos. Eles “só” foram a causa de eu ter começado a curtir um som mais pesado (quando ainda era possível classificá-los de Heavy e/ou Thrash Metal). Naquela época eram simplesmente “fodásticos”, com o perdão da expressão. Fui a vários shows e quase cheguei ao extremo de tatuar o logo da banda nas costas. Graças ao meu bom senso não cometi este incrível deslize. Se o fizesse, talvez tivesse me enforcado nas cordas de um cavaquinho ou então arrancado a tattoo com a faca, tamanho foi o desgosto.
A decadência começou em 1996 com a saída do vocalista “Barbudinho” por pura frescura. É isso o que acontece quando um desmiolado qualquer deixa “a cabeça de baixo” raciocinar no lugar da de cima e a mulher interferir nos negócios. Até aí, tudo bem. Contrataram outro vocalista à altura para substituí-lo e a nova banda do Barbudinho teve um desempenho tão insatisfatório que nem vale a pena mencionar. Dez anos depois, outra frescura. O baterista “Quasímodo”, irmão do Barbudinho e dono de uma grife de roupas, deixa a banda. Não sei o motivo real da saída dele, mas tenho 95% de certeza de que foi o motivo padrão: “money”. Tudo bem também. Já foi tarde. Subiu à cabeça. O “mauricinho” agora se acha melhor do que os outros.
Voltando para a entrevista com o Barrigudinho no jornal desta semana, ele faz pouco caso de nós brasileiros e se gaba de fazerem mais sucesso no exterior do que aqui. É óbvio que fazem mais sucesso lá fora, afinal, não é este o foco deles e da gravadora? Ele também reclama que os brasileiros só dão valor para o que vem de fora. Será que ele não é igual? Lamentável e sem comentários. Não estão felizes com o Brasil? Então, por favor, tenham a bondade de se retirarem daqui.
É bem possível que a maioria dos brasileiros só dê valor para os “importados”, mas têm razões de sobra para isso, afinal, quando o produto nacional é bom (no caso a tal banda), não passa muito tempo até que se desentendam por razões patéticas, perdem o respeito e a admiração dos fãs e abrem brecha para o esquecimento, que foi o que aconteceu comigo. Até o autógrafo no encarte de um cd, conseguido com muita paciência e guardado a sete chaves com o maior cuidado e carinho do mundo, encontra-se jogado num canto qualquer com meus antigos cd´s. Isso se já não foi devorado pelas traças ou pelo bolor através dos anos. Após alguns álbuns de estúdio medianos desde 96, o significado da existência deles para mim, assim como para muitos outros fãs, agora é simplesmente nada.
Há 10 anos