Fazer um filho é relativamente fácil: basta pegar uma guria qualquer e pronto, nove meses depois vem o “brinde”. Daí cada um continua morando na sua respectiva casa ou na dos pais, já que não nos gostamos tanto assim, estávamos apenas curtindo, fazendo sexo por diversão e a gestação foi apenas a maior burrada de nossas vidas medíocres. Ou então juntamos as escovas de dente, dividimos um teto, nos aturamos e vamos tocando a vida da melhor maneira possível. Se der certo, deu. Se não deu, foda-se. É só nos separarmos, pagar a bosta da pensão em dia e pronto, tudo resolvido.
Alguém que “pega” todas provavelmente pensa deste jeito ao ser informado de que sua vida mudará em alguns meses. Eu pensaria: tudo resolvido uma ova. Recuso-me. Assim eu não quero. Prefiro continuar solteiro e sendo o último de minha linhagem, mesmo pq eu não sou do tipo que “pega” todas e mais algumas.
Eu não gosto de crianças. Nunca gostei. Elas são chatas, fazem birra, perturbam, choram, “seguram vela” e nos deixam nas maiores “saias-justas” possíveis, com perguntas e comportamentos inconvenientes nos momentos mais impróprios. Minha percepção com relação aos baixinhos começou a mudar quando minha irmã nasceu e quando conheci uma possível candidata ao cargo de mãe dos meus rebentos. Claro que as continuo achando um porre, mas tbm estou mais paciente e tolerante. Tanto é que comecei a pensar no assunto paternidade há alguns meses.
Há todo um contexto envolvido e não exatamente apenas na paternidade pura e simples pq, como disse antes, fazer é fácil. O pré-requisito é construir um lar com a mulher amada. Não só ter um local para morar e um teto para cobrir nossas cabeças, mas sim um reduto para construirmos sonhos e perspectivas, onde imperem o amor, carinho, lealdade e cumplicidade. Só então estaremos devidamente prontos a conceber e criar uma criança.
Eu encontrei a mãe dos meus filhos, digna desta posição, mulher honrada e independente. Ou melhor, pensei que encontrei. Ela, apesar de querer ser mãe, ainda não está pronta, seja física ou emocionalmente. Não a culpo, afinal há partes obscuras em seu passado que a marcaram e dificilmente são curadas/resolvidas de uma hora para outra. De alguma forma o amor, carinho e admiração continuam os mesmos por ela e quero o seu bem, por isso sempre será a minha Esmeralda. E eu continuarei em busca de Maria, igualmente digna e honrada, para amar e desposar e que conceberá meus descendentes.
* Esmeralda e Maria são personagens do livro “Esmeralda”, psicografado por Zibia Gasparetto.
Há 10 anos
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