Tenho trabalhado na área de informática nos últimos 10 anos. Em dezembro passado encerrou-se uma jornada de 14 meses de chefe mala enchendo o saco por causa das coisas mais retardadas possíveis (uma delas foi querer que o nome da empresa aparecesse no topo das pesquisas do Google qdo alguém digitasse a palavra “informática” – e sem desembolsar um tostão sequer!), usuários estressados e notebooks avariados. Simplesmente cansei.
Apareceu a oportunidade, do nada, de trabalhar com meu avô no comércio. Tudo bem que não tenho o menor tino para vendas, mas até aí, o que importa? A coisa está fluindo. Ganho menos do que em meu último trabalho, é verdade, mas tenho minhas regalias: carga horária menor do que o habitual, não fico horas enfiado em transporte público lotado e com gente fedida logo cedo e ainda posso usar bermuda! Eu e meu avô fomos entregar uma encomenda numa papelaria ontem qdo entrou linda morena usando um vestidinho tomara-que-caia verde e branco florido, amiga da herdeira da lojinha, e que trabalha próximo dali, igualmente no comércio. As duas estavam no fundo da loja qdo a tal morena pergunta para a amiga e com um brilho no olhar algo sobre a minha pessoa. Impossível não reparar. Pelo olhar de descontentamento, a guria deve ter respondido algo como “Ah, é só o ajudante deste senhor”. Foi embora, passou batido e nem olhou pra trás.
Não fumo, aprecio boas cervejas sem exagero e meus amigos mais chegados sabem o quão felizarda será a guria que me der bola. Essa uma que virou a cara não sabe dessas e de tantas outras qualidades, não sabe do diploma anterior e nem sobre a luta diária para a conquista do diploma universitário. Não que um diploma sirva para definir o caráter de alguém, muito pelo contrário, mas pelo menos serve para diferenciar um pouco dos tipos que costumam corteja-la (dada a localização da tal loja). Pois é, ela não sabe e nem ficará sabendo. Quem perdeu foi ela por ter visto apenas o “cara da entrega”. Pode ser a mulher mais linda do mundo que, fútil a esse ponto, eu passo reto e ainda digo para o cidadão que por ventura vier a dar uns “pegas” nela: “Boa sorte, meu caro. Vc vai precisar!”
Há 10 anos
Tem toda razão. Tanta profissão cheia de status por aí, e até mesmo com bons salários, mas que vai tudo pra manter o status! Ter que se vestir bem, manter carro (e nem qualquer carro serve), frequentar lugares caros, puxar o saco das pessoas - tudo vai dinheiro. É um modo de vida, e as pessoas nem param pra pensar.
ResponderExcluirPor um lado até foi bom mesmo. Antes de qualquer conversa, os dois já ficaram sabendo que encaram o mundo de maneira diferente.
Foi ótimo! Assim não perdi tempo à toa com uma fútil qualquer.
ResponderExcluirEssa daí meu caro vai levar um "Tome na Ventas" bem lindo pra deixar de ser besta.
ResponderExcluirAh... esse meu lado "Caba macho, sim sinhô!" despertando.
Orgulho de ser nordestina, educada e não fútil ( e há quem diga que eu seja, outro cego de olhos abertos)