segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Amélia

Outro dia fui levar o quadro que o chefe tem na cozinha da casa dele para trocar a moldura. Tudo a ver com minha função na empresa. Tudo bem, afinal foi um tempinho que fiquei fora, necessário para arejar as ideias. A esposa havia ido busca-lo (o chefe, não o quadro) e aproveitei a carona, já que a loja da moldura fica no caminho para a casa deles. A mulher dirigindo, o chefe no banco do passageiro, eu no banco de trás e o trambolho do quadro no porta-malas. Foi uma viagem rápida, de não mais do que 5 minutos. Esse breve período serviu para refletir, e muito.
Analisando única e exclusivamente pelo ponto de vista físico, ela é uma coroa até que bonita. Se fosse divorciada, ou algo assim, e eu estivesse na mesma faixa etária até poderia pensar em convida-la para um café.
Voltando para o curto trajeto até a loja de moldura, os dois conseguiram discutir pelos assuntos mais retardados possíveis, ele levantando a voz, senhor da razão, e ela abaixando o tom, como se submetendo às vontades dele. Naquele momento, toda a simpatia que tinha por ela foi por água abaixo. Quero dizer, continuo cumprimentando-a normalmente, mas aquela pincelada de admiração não existe mais.
Automaticamente lembrei dos meus avós maternos. Minha avó dá tudo na mão do vô, que ainda reclama se não está do jeito que ele quer/gosta. Detalhe que ele não disse como queria seja lá o que for e a vó não tem bola de cristal. Daí fica um resmungando/esbravejando de um lado e a outra deprimida do outro. Um saco.
Mulher “Amélia” não resolve nada e só concorda com o marido. Parte da culpa por serem “Amélias” recai sobre elas tbm, por nunca terem se dado o devido valor (?) ou por não cobrarem mais respeito de seus maridos. Talvez na época em que minha avó era jovem fosse desse jeito e até entendo em parte a “Amelhisse” dela. Já no caso da esposa do chefe não é bem assim, afinal está na mesma faixa etária dos meus pais e ambos sempre decidiram juntos (qdo ainda eram casados) sobre o que fariam, para onde iriam e afins e meu pai nunca levantou a voz pra impor a vontade dele. E qdo discutiam (todo casal discute) era de igual pra igual.
Não sei quem se parece com quem, se o chefe e esposa com meus avós ou vice-versa. O que sei é que meu ideal feminino (um deles) é ter uma mulher que me respeite, ao mesmo tempo em que sempre diga o que pensa/sente.
“Amélia”, pra mim, não serve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário